sexta-feira, 8 de abril de 2016

Estudo Nº1. 06.01.2009

Diga agora quem não crê no sentido contrário
e quem nunca foi no mesmo sentido da equação exata:
- um ali, outro aqui, outro acolá.

Mentem todos.
Mente quem diz, mente quem desdiz.
Mente quem já riu de alguém que levou uma topada.
Mente quem já sorriu pra uma criança que foi vista levando uma surra.
Mente quem nunca olhou nos olhos de um menino de rua.
(Mente até aquela que olhou para o espelho e se achou feia).

Eu conto a mentira dos poetas.

Ah, agora contas a verdade?
Tadinha de tu ("Pessoa" desdentada),
Agora é tarde!
Tarde pra o espelho te puxar pra dentro,
Tarde para aquele esperto que passou olhando, olhar e
transformar o que pode não ser mais do que um ângulo reto.

Eu tenho o medo dos poetas,
o medo de olhar no rosto concreto.

Raramente se é pensado no anormal,
no esquisito, no estranho, no grotesco.
Porque quando se pensa, 
se pensa na alma.

Eu tenho o nojo dos poetas.

Olhe pra mim e não chore,
Me deixa ficar sozinho.
Porque só, eu me reconheço.
Porque quando eu saio na rua,
e vejo a agonia dos rostos.
Quando eu abro um livro,
e vejo o enfarte da arte.
E quando eu olho no espelho,
vejo quem eu sou.

Me deixa derrapar na curva
pra não ficar dando voltas e voltas no mesmo lugar,
procurando o algo a mais para surgir um círculo perfeito.
Não me deixe ir pelo sentido contrário,
Não me deixe ficar com medo.

Eu conto a mentira dos poetas,
E não tenho medo de ser.

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