Eu
não escrevo porque sou cego.
As
palavras são outras, e faço poesia no escuro.
Eu
não interrompo porque sou mudo.
Incapaz
de colocar uma vírgula entre você e o vocativo.
Sem
tato – em carne viva.
Sem/Seu
olfato – impregnado.
Seu
gosto – amargo.
E
você sempre sendo nuvem passageira,
e
o corpo óbito dissecado com o laudo:
amou
demais.
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